A história da humanidade
Nesses dias, li um texto no Instagram que começava mais ou menos assim:
“Desculpem-me pelo tom agressivo que vou adotar, mas é difícil não ser chato numa hora dessas…”
Não continuei a leitura e comecei a pensar em quantas vezes eu já não lera algo semelhante nos últimos anos. Sempre na internet. Já faz muito tempo que a internet se transformou no reino dos chatos. E todos nós nos tornamos mais chatos do que antes devido à internet. Basicamente, na internet aprendemos que a chatice é justificada — que ela tem sempre um propósito.
Um sinal disso tudo é o desuso em que caiu a palavra “simpatia”. Na verdade, para a simpatia sobrou apenas sua versão pejorativa: o simpático é aquele que finge ser simpático. No lugar da simpatia, entrou em cena a “empatia” que geralmente é usada como um porrete:
— Você precisa de mais empatia, querido!
Eu mesmo pensei em escrever esse texto como uma defesa da simpatia. Pensei em dizer que a simpatia é um ato de fé, mas logo percebi que seria um fracasso. Diriam-me que é a chatice que move o mundo e eu nada poderia responder. Diriam-me que Jesus Cristo foi chato e que por isso terminou crucificado — e o que eu poderia responder? Diriam-me que Sócrates também foi chato e que por isso foi condenado à morte… que todos os grandes revolucionários foram chatos… que Bob Dylan é chato até hoje.
Não há saída a não ser a chatice. Esse próprio texto talvez só existiu por minha vontade de ser chato camuflada de simpatia para tentar me enganar…
É isso!
Estamos presos em um ciclo de chatice desde a pré-história.
Não há remédio.
Fodam-se!